12 de julho de 2011

E que venha Brillante Mendoza! - I Festival LUME de Cinema

Por: Lucas Sá
São Luís agora tem mais um festival de cinema em sua programação anual! A primeira edição do Festival Lume de Cinema esta chegando, faltam apenas 2 dias para começar as atividades, que além de filmes e curtas nacionais também exibirá filmes de vários países, tornando-o um festival com caráter internacional e abrangente. Fato que é relevante para os espectadores, já que são poucas as obras fora do eixo EUA-BRA que são exibidas no estado, a não ser através das sessões do reformulado Cine Praia Grande.

O Festival LUME é uma extensão das atividades já existentes da produtora (Lume Filmes) de seu criador e coordenador, Frederico Machado. A LUME Filmes, excepcional distribuidora de títulos raros, como os filmes Sozinho Contra Todos (Gaspar Noe) e Crash (David Cronenberg), é uma das distribuidoras de DVD mais importantes do mercado nacional. Além de distribuir, passou a produzir curtas, como o premiado Vela ao Crucificado, do próprio Frederico. Então qual seria o próximo passo da LUME? É ai que surge um projeto antigo e de extremo desejo de Frederico, um festival de proporções e exibições internacionais! Em sua primeira edição o festival terá em sua grade de programação atividades que poucos festivais conquistam em seus primeiros anos, mais de 6 mostras paralelas em 10 dias de exibição, entre os dias 14 e 23 de julho.

Na abertura do festival, dia 14, irá ocorrer uma das mais importantes contribuições do festival para o cinema maranhense. O filme a ser exibido é Lola, com a presença do próprio diretor, o filipino Brillante Mendoza. Este que passou de pequenas proporções, com seu filme O Massagista, até se estabelecer como um dos diretores mais ativos e representativos do continente Asiático. Lola é sem dúvidas o filme mais sentimental de Mendoza, que mesmo com seu teor realista e melancólico sobre a realidade de seu país, acaba utilizando uma carga honesta de violência e a relação dos homens, neste caso, as avós, com a morte. Tema que é bastante recorrente em suas obras, como em Kinatay (crítica aqui) e O Massagista. Em Lola, acompanhamos intimamente duas avós e as suas ações em relação ao assassinato de um jovem. Uma é avó do assassinado, e a outra é a avó do assassino... É a busca do perdão e das dívidas dramáticas. Bom, eu não poderei ir para o festival, infelizmente, mas Airton já imprimiu meu pôster de Kinatay para ser autografado (olhe aqui ele segurando o almejado!), filme que me pegou de jeito pelo o realismo das cenas e violência, um dos melhores filmes dos anos 2000! Com Kinatay Mendoza recebeu a frase já batia e tosca de: "O Filme que chocou Cannes!". Não foi à toa que recebeu o prêmio de Melhor Direção em 2009 no festival.

Além do diretor, o festival irá receber a presença de vários críticos e teóricos cinematográficos. Dentre eles, o crítico João Carlos Sampaio, do site Cineinsite, e Marcelo Miranda, do site Filmes Povo. O cineasta Murilo Salles, diretor do sensacional Nome Próprio, filme que pude ver na mostra Maranhão na Tela, também estará presente. Entre as atividades, ocorrerá o lançamento do primeiro livro publicado pela LUME Filmes, intitulado de Os Filmes que Sonhamos. O livro reuniu ensaios de importantes críticos nacionais, dentre eles Ivonete Pinto (Presidente da Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul, Jornalista e Professora de cinema na UFPEL), sobre os filmes lançados em DVD da própria distribuidora LUME.
Dentre os filmes nacionais selecionados estão os longas Os Residentes e Terra Deu, Terra come. O primeiro é uma espécie de devaneio experimental narrativo, do diretor mineiro Tiago Mata Machado. Os Residentes é permeado por sua áurea esquizofrênica que carrega grande incomodo dos espectadores pelos os festivais em que passou, como no Festival de Berlim deste ano. Já Terra Deu, Terra Come é um prestigiado documentário, também mineiro, que acompanha Pedro de Alexina, 81 anos, comandando como mestre de cerimônias o funeral de João Batista, morto aos 120 anos. O filme ganhou o prêmio de Melhor Documentário nacional no É Tudo Verdade, importante festival do gênero (Clique aqui para ver o trailer).

O curta Áurea, de meu amigo Zeca Ferreira, foi selecionado para a Mostra Competitiva de Curtas. Áurea é uma um misto de documentário e ficção, onde ambos estão intimamente ligados de tal forma que se torna difícil perceber o que é verdade ou mentira, e até mesmo de classificá-lo como documentário ou como um gênero solitário. Áurea recebeu inúmeros prêmios, tais como o de Melhor Curta no Festival de Cinema Digital de Jericoacoara. Dentre os curtas dessa mesma mostra está Aos Pés (veja o belo trailer aqui), do diretor gaúcho Zeca Brito, que nasceu de um debate em Porto Alegre com o diretor Peter Greenaway, onde ele afirmou que "o cinema é dos rostos! Dos códigos do rosto...". Assim, Zeca Brito filmou apenas pés, O CINEMA DOS PÉS! Ainda na nessa mesma mostra se encontra o  Eu Não Quero Voltar Sozinho, de Daniel Ribeiro, que acompanha o relacionamento homoafetivo de dois jovens permeados pelo universo escolar.
Cena do curta. Aos Pés, de Zeca Brito

Lista completa dos filmes e curtas selecionados no Site Oficial do Festival aqui.

2 comentários:

  1. Excelente evento cinematográfico o qual temos o prazer de prestigiar!!! Parabéns, Lucas, pelo blog!

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  2. Obrigado Mirelle!
    E o evento começa hoje! \o/
    Estou meses esperando, hahaha

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