3 de junho de 2012

O Produtor x Criação


O filme para se estabelecer quanto obra física ou virtual, seja em película ou em arquivos no HD, necessita de certas etapas para que todos os elementos estéticos-narrativos do roteiro sejam implementado quanto ficção na tela. Assim, as variadas camadas da equipe de produção de uma obra cinematográfica atuam diretamente para a confecção em termos de promover os caminhos certos para tal arte.  

O que se discute muito no cinema é até que ponto a obra final, já realizada, tem interferências de outros cargos dentro da hierarquia do cinema. Quando se fala de um cinema mais intimista, como é o caso da maior parte da produção nacional, a figura do diretor é soberana nas decisões pontuais, cabendo a ele a escolha de certos aparatos para sua obra, que passa desde a confecção do roteiro até a montagem final, ele está ali, sempre espreitando seu filme para que não se desvirtue de seus ideais. Neste caso, o produtor entra como um aparato para a direção, impondo certos limites máximos sobre a criação dos demais diretores de uma obra, seja o diretor geral ou os diretores de arte. O filme tem um orçamento, logo, a produção se sente no dever de enquadrar o roteiro a realidade de produção e em que mercado está sendo inserido, estas ações de limites “do que pode ou não ser feito” interferem consideravelmente na liberdade criativa, claro, há dinheiro envolvido neste processo de realização. Mas está interferência não parte só do produtor, os demais cargos também são decisivos para este fato, é tolo pensar que um filme é formado por uma soberania criativa, no caso, o diretor. O cinema deve ser pensado como um conglomerado de idéias coletivas de toda uma equipe que trabalha em sintonia em direção a um resultado semelhante.  

O que existe são diretores e produtores mais enraizados na sua visão, que podem ser ou não abertos a mudanças repentinas de produção. Mas no cinema, essas “mudanças repentinas” são sempre os desafios de realização, saber desviá-las é o que se pode esperar de um experiente diretor-produtor. É está instabilidade do momento que provoca certos distúrbios na estética final do produto fílmico, sobretudo quando não se tem um cuidado técnico e especifico no momento de desespero.  

Olhando entrevistas e debates da produtora Sara Silveira, da inventiva empresa Dezenove Filmes (http://www.dezenove.net/), é possível perceber que sua postura no set é rígida e concisa nos seus objetivos, que é dar ao diretor as melhores opções para a quantia de capital que a produção tem para o produto. Um exemplo que pode ser observado nessa afirmação dos filmes em que produziu, é o longa Trabalhar Cansa, de Juliana Roja e Marco Dutra. Antes das filmagens o filme passou por variados testes para a escolha da melhor forma de captação, em película ou em digital. Ao final das analises perceberam que era melhor e mais em conta gravar as cenas em película, usando o Super 16mm, já que acabariam gastando o mesmo com a gravação em digital, pois este necessita de mais equipamento de iluminação.   

O fator da produção neste caso foi sublime, já que o Super 16 mm além de sair o mesmo preço atribuiu à imagem certa textura de grãos que beneficia a estética realística do filme de Rojas e Dutra, característica que no digital não seria presente da mesma forma.