16 de maio de 2011

Filmes que vimos essa semana que você deveria ver, ou NÃO!

Por: Lucas Sá e Airton Rener

Angst -1983 (Nota 6,0)
Dir: Gerald Kargl
Filme austríaco que acompanha a mente de um serial killer que acaba de ser solto da prisão. Este e o único filme de Gerald Kargl, uma pena, pois Angst se revela um filme simples porém estiloso. As angulações e movimentos de câmera são frenéticos, se aproximando do seu protagonista perturbado, é uma câmera irreverente, traumatiza e inquieta. O horror do filme é extremamente cru e gráfico, não chega a ser repugnante, mas causa um certo incomodo pelo realismo de certas cenas. A narração em off intensifica a proposta de Gerald Kargl com Angst, que no caso, é adentrar nos temores psicológicos de um assassino que sente prazer (sexual) em matar suas vitimas. Uma curiosidade... Acho que este é o filme que mais usou a grua, chega a ser "engraçado" o uso do equipamento. - Lucas Sá

A Casa Muda - 2010 (Nota 7,0)
Dir: Gustavo Hernández
Filme Uruguaio que conquistou Cannes por seu experimentalismo técnico, filmar o filme em uma única longa cena, ou seja, sem cortes. Com um custo de 6 mil de produção, La Casa Muda é uma pérola no meio de produções do gênero. Concordo que o roteiro não é genial, mas a forma como Gustavo Hernández dribla o baixo orçamento é primorosa, e confesso que levei alguns sustos, logo eu, que já me achava resistente a esses truques do gênero. Os méritos do longa vão mais por sua ousadia técnica do que "artística" em si, sendo permitida pela tecnologia da câmera Canon 5D, que proporciona "ares de cinema profissional" e pela criatividade opressiva de Hernández, que não é muito fã do gênero terror/horror. A sequência final, depois dos créditos de finalização, é outro aspecto relevante em La Casa Muda. - Lucas Sá

As Cinco Obstruções - 2003 (Nota 8,0)
Dir: Jorgen Leth e Lars Von Trier
Lars Von Trier propõe a Jorgen Leth um desafio, refazer o seu curta "O Homem Perfeito" (1967) de 5 formas diferentes. A medida que Lars joga suas restrições em cada etapa do projeto, Jorgen Leth se revela mais inteligente e resistente sob os métodos de Lars. O filme aborda tanto o lado do cinema como uma forma de controle, mas, além disso, se revela como uma carta de admiração de Lars para com Jorgen Leth, que em seu olhar é o "homem perfeito". Lars e seu auto-flagelamento técnico-fílmico... O longa pode ser visto como uma continuação dos desejos do Dogma 95, um cinema de restrições que pressiona o autor-diretor. Em certo momento, Lars dá liberdade para Jorgen Leth refazer o seu curta de forma livre, sem nenhuma restrição, Jorgen Leth diz: "Não gosto, prefiro ter algo para seguir. Não sei o que dizer". - Lucas Sá

Banda à Parte - 1964 (Nota 9,0)
Dir: Jean-Luc Godard
É o filme mais "divertido" de Godard. Banda à Parte é um filme irônico em relação a sua própria linguagem, Godard debochando do próprio cinema, de sua banalização, de seus aparatos baratos. O som é outro elemento importante no longa. Em Acossado Godard intervém para provocar uma montagem inovadora, baseada no jump cuts, já em Banda à Parte a "brincadeira" da vez é o som, como na cena em que os jovens se forçam a um minuto de silêncio, e o silêncio é obedecido, o som é cortado, e o espectador é testado... Este é um filme ao qual Godard tem absoluto controle da mise-en-scène, o que proporcionou cenas memoráveis, como a corrida mais rápida do mundo dentro do museu do Louvre e a famosa cena da dança descritiva. Um belo filme. - Lucas Sá


Cyrus - 2010 (Nota 8,0)
Dir: Jay Duplass e Mark Duplass
É interessante como um filme simples e sem muitos efeitos estéticos consegue cativar o telespectador em seu tempo. É nessa base que se firma Cyrus de 2010 dos irmãos Jay e Mark Duplass que apresentam um roteiro razoavelmente bom, porém não muito original, que transmite certa naturalidade no que se diz respeito a uma relação quase familiar. Cyrus é um jovem imaturo super protegido pela "mamãezinha" na qual começa a se relacionar com John, um divorciado frustrado, seu filho com ciúmes doentio por ela se aproveita de sua "inocência" e "imaturidade" para colocar John contra a relação materna. É na situação cômica e desagradável por parte de John que o filme agrada o público sem a necessidade de apelações e piadas prontas. Sem dúvidas Cyrus merece destaque entre outros do seu gênero. - Airton Rener

Thor - 2011 (Nota 5,0)
Dir: Kenneth Branagh
É uma pena que o público adulto não saiba dividir um bom filme de um ruim. Filmes sobre BEM x MAl sempre será novidade para o público infanto-juvenil, entretanto Thor está acima dos clichês para quem já é mais maduro para perceber, ou não, que esse tema é repetitivo demais. Quem assiste a filmes de aventura com certeza perceberá certa influência de O Senhor dos Anéis, Tron - o Legado, Super Man e Star Wars. Como se pode deduzir, efeitos especiais estão mais do que presentes, deixando o filme um pouco cansativo e com ar de "Power Ranges", visto que o filme está repleto de teletransportes. A presença do marketing de Natalie Portman é nada mais que irrelevante para quem se interessa em assistir por sua presença, seu papel está limitado somente ao "capital". Filmes de ação, vulgo Marvel, é o gênero que mais necessita de inovação, e Thor está longe disso. - Airton Rener

Um comentário:

  1. E aqueles vistos nos primeiros episódios da série Togetherness de irmãos Jay e Mark Duplass nos dizer emaranhados e tragédias da vida adulta

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