22 de abril de 2011

Grandes Diretores de Cinema: Jean-Luc Godard


Por: Lucas Sá

Laurent Tirard durante um tempo começou a fazer entrevistas com os 20 mais importantes diretores do cinema atual. Em 2006, essas entrevistas seriam os textos do livro Grandes Diretores de Cinema. Livro que é quase uma homenagem a estes que tanto revolucionaram o cinema. Além desse sentido de valorização desses diretores, o livro se tornar uma possibilidade de estudantes e amantes do cinema adentrarem no universo privado desses grandes artistas, tendo uma relação entre leitor/diretor de forma íntima. Dentre essas 20 personalidades estão: Pedro Almodóvar, Lars von Trier, Woody Allen, Win Wenders, Bernardo Bertolucci e- Wong Kar Wai.

Na última parte do livro está Jean-Luc Godard, diretor de O Desprezo, Alphaville e O Demônio das Onze Horas. Tendo essa escolha, dele finalizando o livro, uma forma de preservação e respeito por seus feitos, ou até mesmo por ele ter sido um grande influenciador dos demais diretores dos capítulos anteriores. Godard começou a ser reconhecido por seus textos na importante revista Cahiers du Cinéma, juntamente com François Truffaut, André Bazin, Claude Chabrol e Éric Rohmer. Revista que disseminou os ideários modernistas da escola cinematográfica mais conhecida e respeitada até então, a Nouvelle Vague.

Godard que foi um dos precursores desta escola, que tinha por si uma áurea jovem, realizou em uma das cenas de seu primeiro e mais importante filme, Acossado, uma crítica que resume exemplarmente essa postura clássica e conservadora de outros realizadores do meio perante o novo cinema que surgia na França no início dos anos 60.

O protagonista fora da lei de Acossado, Michel Poiccard, vai atravessar a rua de uma esquina lendo seu jornal, quando uma jovem segurando exemplares da revista Cahiers du Cinéma (símbolo máximo da Nouvelle Vague) lhe questiona:
- Perdão senhor, tem algo contra a juventude?
Ele responde com um tom acusador:
- Tenho! Prefiro as pessoas velhas.
Martin Scorsese, no documentário The Cutting Edge: The Magic of Movie Editing, sobre a história da montagem no cinema, afirma que Acossado, desde o seu lançamento ainda é um filme muito "moderno" para ele. Esse é o espírito de Godard, o de questionar e usar o cinema como forma de experimentação suprema da arte, o cinema sendo um espelho quebrado do próprio cinema, sua deformação.

O que pretendo nesta postagem, e que em breve teremos outras do mesmo livro, com outros diretores, é destacar idéias validas que os diretores durante as entrevistas disseminaram. Começo esse ciclo pelo fim, com Godard, que no caso é o último do livro. Ao qual, em uma introdução sobre Godard, Laurent Tirard diz que: "Inicialmente prevista para durar apenas uma hora, a conversa acabou durando três horas, tamanho era o prazer de Godard em falar (e o nosso em escutá-lo), e devo reconhecer que até hoje jamais encontrei nenhuma outra pessoa que se aproximasse tanto da idéia que eu tinha de um gênio." Bom, então vamos aos trechos ricos do Sr. Godard, que por incrível que pareça não foram tão rebuscados, como muitos de seus filmes são.

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