14 de novembro de 2010

Cinema - Psicopata Americano

Por: Lucas Sá

Despertei meu interesse pelo filme após ver o documentário "Este Filme Ainda Não Foi Classificado". A diretora em entrevista, comenta que o filme foi duramente censurado pela comição de classificação dos EUA, que por sinal é formado por pais e mães americanos, sendo classificado por NC-17 ( a mais alta censura), o motivo era o "tom" do filme e as cenas de sexo, ou seja, eles não estão preocupados com que os jovens vejam a violência (gigantesca no filme) mas sim com a cenas de sexo? Receber NC-17 não é bom comercialmente, logo eles tiveram que fazer precisas edições nas cenas de "sexo", porque... Porque a violência pode!!!

O filme é de 2000, baseado no livro de Bret Easton Ellis, dirigido pela competente Mary Horron (The Notorious Bettie Page), e protagonizado por Christian Bale, no papel de Patrick Bateman ( será que isso é algum trocadilho com o mais famoso papel de Bale, o atual Batman? ). Patrick Bateman é um executivo bem sucedido da Wall Street... Bonito, elegante, rico e frequentador dos melhores restaurantes de Nova York. Tem a vida no melhor estilo "American way of life", mas carrega consigo um instinto assassino mascarado.

Esse capitalismo perfeito do protagonista, faz com que apareça um espaço, algo que ele não tem, que não é permitido...Talvez com dinheiro sim. O instinto assassino de Patrick se revela como uma forma de se opor ao seu estilo de vida, criando uma dupla personalidade que ele mantêm sem ser descoberto. Nesse aspecto, o filme deixa de ser apenas um longa de horror, se enquadrando em uma crítica social em relação a essa sociedade consumidora gananciosa. Mas ele não leva essa crítica e análise de forma séria ou conceitual, revelando um tom de humor negro e sarcasmo que reina no longa. Logo, "Psicopata Americano", pode ser chamado de: uma crítica social bem humorada e sensual sobre o capitalismo exacerbado na construção de uma mente assassina.

Uma cena que pode resumir bem isso, inclusive uma das melhores, é a raiva que Patrick sente pelos seus companheiros de trabalho ao mostrarem seus novos cartões empresariais. Cor de marfim ou casca de ovo, alto-relevo e slogan no cartão, pode ser um simples motivo para Patrick Bateman matar! Outra cena reveladora é a dos créditos iniciais, onde podemos ver um líquido vermelho sobre uma superfície branca que se parece com sangue, mas que na verdade é o molho em um prato de porcelana de uma refeição em um restaurante caro em que Bateman e seus amigos estão jantando. Esses restaurantes são constantes no roteiro, algo que faz parte da vida social do protagonista, é o local onde ele tem uma melhor interação social, mesmo está sendo rasa como um prato de porcelana. As intenções de Beteman são claras, ele expõe exatamente seus desejos reais com seus diálogos, como o uso de: "eu corto sua cabeça" ou "eu mato você" em conversas casuais. Mas sua aparência e seus status fazem com essas intenções assassinas sejam bloqueadas pelos seus amigos de trabalho, sendo na visão deles apenas mais uma brincadeira do bom e velho amigão empresário de terno Armani.

A "violência" é explícita, e usada de uma forma criativa pela diretora Mary Horron. Sem dúvidas uma das melhores delas é a cena da moto-serra voadora, no alto de uma escada. A relação dessa cena pode ser vista em um dos filmes que Patrick está vendo enquanto faz abdominais com seus fones de ouvido. O filme em questão é, "O Massacre da Serra Elétrica", a versão de 1974. Além disso, as pré-matanças são sempre acompanhadas de relatos sobre o perfil e a trajetória musical dos cantores favoritos do protagonista, como: Whitney Houston, Huey Lewis and the News e Phil Collins. Essas interações intensificam esse humor discreto e persistente de "Psicopata Americano".

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