21 de dezembro de 2011

Crítica de ABATE e YOU BITCH DIE!!! por Cid Nader no III Festival de Cinema da Fronteira


Dia 17 ocorreu o último dia do III Festival de Cinema da Fronteira. O grande vencedor do prêmio de Melhor Filme foi o curta-metragem de animação O Céu no Andar de Baixo, do diretor Leonardo Cata-Preta. O filme é um retrato esquizofrênico e sentimental sobre um ângulo diferente do amor, merecido prêmio. E é nesse contexto que percebo como o cinema de animação vem se fixando na produção nacional, que tinha um espaço limitado em mostra e festivais por uma divisão fixa entre ficção e animação. Curioso saber que além de O Céu no Andar de Baixo outra animação tenha ganhado, no mesmo ano, o prêmio de Melhor Curta em um dos mais prestigiados festivais nacionais, Gramado. Falo de Céu, Inferno e Outras Partes do Corpo, curta do diretor gaúcho Rodrigo John, que também esteve na mostra competitiva, além de premiado por sua trilha sonora, no III Festival de Cinema da Fronteira, em Bagé. (Lista dos curtas premiado aqui). 

Durante o festival foram homenageados o crítico Jean-Claude Bernardet e a musa do cinema marginal Helena Ignez. Dentre os convidados, a atriz Ingra Liberato, que apresentou o festival ao lado de Leonardo Machado. Além de Aurora Miranda Leão, a curadora da mostra competitiva de curtas, e o crítico Cid Nader, que acompanhou e escreveu sobre todos os curtas-metragens do festival em seu site Cinequanon

E são essas críticas que posto a baixo, sobre dois dos meus curtas na mostra competitiva: ABATE e YOU BITCH DIE!!!

ABATE, de Lucas Sá. Brasil (MA), 14 min.
Por: Cid Nader

Uma novidade vinda do Maranhão (talvez indicando mais um polo difusor lá no nosso Nordeste), esse Abate bebe nitidamente da fonte dos filmes pernambucanos para contar uma história de revolta feminina por opressão machista: algo tão comum ainda no mundo, mas que toca muito mais profundamente em uma região de tradição absolutamente masculina.  

Só que beber da fonte, somente, poderia resultar em cópia de estilo, vazio no mote e no modo. Negativo. Lucas Sá demonstra ter noção bastante complexa e bem elaborada de estética e técnica. O filme é de fotografia não conformada, que busca o inusitado nos ângulos (enquanto o momento “comum” subserviente da mulher existe, filma-se seus pés a caminho do açougue, para a inversão do ângulo quando uma outra possibilidade de continuidade de vida é pensada, por exemplo), e também bastante atenta às possibilidades de contrastes emprestadas pelo bom uso da iluminação.  

No corte, na edição (e novamente lembrando alguns outros filmes de Pernambuco), o contar a história ultrapassa a “simples” barreira da fluidez, para que interferências intrometidas até na marra se façam responsáveis pelo adensamento do clima. Desde o início, a montagem não permite a acomodação do espectador, e a tela se enche de variações cromáticas ou de ritmo. Portanto, as invenções e tentativas que resultaram um curta bem interessante não são resultado – o que seria até razoável de se imaginar - de acumulação crescente, mas de ritmo imposto desde os primeiros instantes: algo bem mais difícil de ser mantido e obtido. (Veja o curta aqui).


YOU BITCH DIE!!! , de Lucas Sá. Brasil (MA), 03 min.
Por: Cid Nader

Brincadeirinha de Lucas Sá – o diretor talvez seja uma novidade maranhense surgindo para ser a vanguarda de mais uma cinematografia regional surgindo, e revelando-se com evidente característica urbana, ao compilar informações que extrapolam as distâncias de seu Estado -, filmada mais para ser vista na Internet do que numa telona. O tratamento é em cima da linguagem, dos filmes trash dos anos 70, com os típicos exageros necessários para tal reverência (falta de cuidado, hiper-cores, hiper-cafonices, seres estranhos habitando a tela e sangue, de preferência), e feito de modo bastante ligeiro, para que não se necessitasse muito espaço e tempo demais demandado para a conclusão. 

Para tal ligeireza vista na telona, a ideia de representar um trailler revelou-se boa sacada. Mas, muitos trabalhos similares já foram vistos (aliás, há até uma certa moda no estilo se repetindo), e muitos, também, com melhor desempenho numa sala escura de cinema: o que faz notar o quanto esse deve ter sido pensado mais como uma ação para divertir amigos, nas madrugadas diante da telinha do computador. (Veja o curta aqui).

20 de dezembro de 2011

Xuxa e O Dia da Besta


Curioso saber como a fama de que a rainha dos baixinhos é adoradora do capeta. Não no Brasil, mas na Espanha! Ontem estava vendo O Dia da Besta quando me deparo com uma cena em que a imagem de Xuxa é apresentada de forma bem suspeita...   

Nada como um bom e sacana humor negro de Alex de la Iglesa, diretor do recente e excelente Balada Triste de Trompeta, grande vencedor do Festival de Veneza de 2010. O exagero visual de la Iglesa está presente em todas as suas obras, já em seu segundo longa e o mais adorado, O Dia da Besta, é este exagero que proporciona grande parte do humor do filme. Dentre as piadas, e a mais sutil, está a de Xuxa e seu carinho por Satã.   

A cena em questão é uma reportagem de TV do programa em que o professor e suposto médium Cavan apresenta. A reportagem sensacionalista investiga um caso de possessão demoníaca de um garoto com uns 10 anos de idade. A câmera documental entra nos corredores da casa enquanto Cavan explica o que está acontecendo no local. Eles abrem a porta e o que vemos é um garoto se debatendo na cama com uma espuma branca na boca, mas o que realmente chama a atenção (sobretudo para nós brasileiros) é o singelo e catito quadro de uma das capas do cd da Xuxa pendurado em cima da cama do garoto endiabrado.  

Bem colocado Sr. Alex de la Iglesa... Bem colocado!

17 de dezembro de 2011

Lego, 8 Bits e uma idéia na cabeça!

Por: Airton Rener


Lego - popularmente conhecido como brinquedo de montar - é um brinquedo com quantidade variada de peças que se encaixam permitindo inúmeras combinações. Não existe idade para “brincar” com LEGO, os únicos fatores limitantes são a criatividade e os cifrões. Seu potencial psico-criativo é tão forte que é usado como instrumento pedagógico em jardins de infância e até mesmo em universidades nas áreas de robótica e mecatrônica os quais geralmente usam a linha especifica LEGO Technic.

A dupla sueca Ninja Moped, também conhecida como Rymdreglag é uma banda eletrônica independente que foram além de suas imaginações ao "brincar de montar" e criaram um vídeo clipe simulando os clássicos jogos da Nintendo de 8Bits (Nes) através da técnica Stop Motion com o uso de peças de Lego. O resultado é tão surpreendente que chegamos até duvidar do uso de computação gráfica.

Para os Geeks de plantão é um prato cheio!



15 de dezembro de 2011

DEATH PROOF - Análise do cartaz

 Por: Lucas Kurz

À Prova de Morte (Death Proof, 2007, EUA) é um filme digirido por Quentin Tarantino e estrelado por Kurt Russell, Rosario Dawson, Vanessa Ferlito e Jordan Ladd, tem duração de 133 minutos e é do gênero Terror.

SINOPSE:  Ao cair da noite, Jungle Julia (Sydney Tamiia Poitier), a DJ mais sexy de Austin, pode enfim se divertir com as suas duas melhores amigas. As três garotas saem noite adentro, atraindo a atenção de todos os frequentadores masculinos dos bares e boates do Texas. Mas nem toda atenção é inocente. Cobrindo de perto seus movimentos está Stuntman Mike (Kurt Russell), um rebelde inquieto e temperamental que se esconde atrás do volante do seu carro indestrutível.

SOBRE O AUTOR DO POSTER:  Infelizmente, após muita pesquisa não foi encontrada NENHUMA informação técnica sobre o cartaz, muito menos a autoria do mesmo.

IDENTIFICAÇÃO DOS ELEMENTOS:

 
CÍRCULO:  No cartaz foi encontrado um círculo perfeito, tangenciado pelo sol da paisagem. O círculo abrange também parte do carro, até a caveira estampada no capô, e se finaliza antes dos nomes ‘Kurt Russell’, ‘Quentin Tarantino’ e o título do filme.







ÂNGULOS/QUADRADO:  Aqui vemos alguns ângulos formados pela estrada (que é meio desproporcional, errada) na perspectiva da cena. Vemos também o cartaz cortado ao meio horizontalmente e verticalmente, e o quadrado em perspectiva formado pelo automóvel.







ÂNGULOS:  Aqui temos mais ângulo formados pelas linhas da estrada e no chão , formando pontos de fuga na composição.











TRAÇADOS REGULADORES

  RADIAL:  Traçando círculos podemos limitar vários elementos da composição. O primeiro círculo delimita a caveira no capô e as oito silhuetas femininas perfeitamente. O segundo delimita o sol. O terceiro delimita toda a parte da frente do automóvel, e o quarto delimita até o título.  







PARALELOS:  As únicas retas paralelas exatas presentes neste cartaz são a delimitação da faixa de cima e a linha do horizonte.









 CENTRALIDADE:  A composição apresenta linhas diagonais que vão ligeiramente à mesma direção, entretanto, não encontram o mesmo ponto de fuga.









CENTRALIDADE:  Aqui podemos ver os vários pontos de fuga encontrados, o que indica que essas linhas de perspectivas não estão tão fiéis à realidade.






 


SIMETRIA/PARALELISMO:  Como já foi dito, só existem duas retas exatamente paralelas. Muitos elementos no cartaz são simétricos horizontalmente, como o sol, a estrada, o automóvel, etc. O cartaz é bem equilibrado, e também apresenta uma simetria relativa verticalmente.





 PROPORÇÃO  

 Primeiro foi usado o círculo que tangencia o sol para fazer uma escala procurando alguma proporção com o resto do cartaz. Os círculos encontrados, de certa forma, organizam bem a composição; o de baixo abrange a área do título, direção, etc. Os outros dividem as áreas da composição de forma razoavelmente uniforme.






Aqui temos a proporção alcançada pelo método do retângulo raiz de dois, usando o quadrado que delimita o sol temos a proporção das figuras do sol, as silhuetas, o automóvel e o título.








 
Aqui também foi usado o método raiz de dois, porém sem resultado satisfatório.









 

A primeira aplicação do método raiz de dois foi melhor explorada, encontrando outras proporções na composição, como o limite do carro e o tamanho do título.









MALHA 
 
Numa primeira tentativa de encontrar uma malha, usando o diâmetro do círculo que tangencia o sol, a malha não ficou satisfatória.







 

Usando a altura da faixa que comporta os nomes ‘Quentin Tarantino’ e “Robert Rodriguez”, na parte superior do cartaz, foi possível desenvolver uma malha mais satisfatória, melhor definida.