7 de novembro de 2010

Roadie Crew #141 faz entrevista com Rob Zombie

Por: Lucas Abreu

Na edição #141 a Roadie Crew fez uma entrevista com Rob Zombie. Nela ele falou de música e principalmente filmes! Dê uma conferida abaixo! Enjoy!

R.C.: Como está sendo fazer um turnê com Alice Cooper, um de seus ídolos, para promover o seu mais recente trabalho na área musical, o CD Hellbilly Deluxe 2?
Rob Zombie
: Para mim é uma satisfação total. Eu conheço Alice há uns 15 anos, mas adoro seu trabalho desde que era criança. Poucas coisas ainda me emocionam de verdade, mas encontrar e trabalhar com os amigos que foram a razão por eu me apaixonar por algo são algumas delas. Foi a mesma coisa quando Malcolm McDowell, que hoje é meu amigo, com quem eu falo no telefone e com quem eu fico batendo papo quando nos encontramos. E além de tudo nós ainda trabalhamos juntos! Durante algum tempo ele era para mim apenas a imagem na tela que eu admirava. O mesmo acontece com Alice. Por muito tempo, ele era apenas aquele sujeito na capa do disco e que eu imaginava que era o cara mais incrível que existia na Terra. Então são esses momentos que fazem você dar valor a tudo.

R.C.: Já que citou o ator Malcolm McDowell("Laranja Mecânica"),
ele participa como convidado especial no seriado "CSI: Miami", que você dirigiu. Como você se envolveu nesse projeto?
Rob
: Há uns 5 anos, um sujeito que trabalhou como assistente de direção de "House of 1.000 Corpses" e "Devils Rejects"(N.T.: Filmes escritos e dirigidos por Zombie, de 2003 e 2005, respectivamente) foi contratado para trabalhar em "CSI: Miami". Hoje ele é um dos produtores do seriado e foi a partir dele que entrei lá. Todo ano eles entravam em contato comigo para saber se eu poderia dirigir um epidódio, mas nunca dava certo, ou eu estava em turnê ou dirigindo algum filme meu. Só que esse ano não aconteceu esse conflito.

R.C.: Você fica mais feliz cantando num palco ou di
rigindo atrás de uma câmera?
Rob
: Adoro as duas coisas da mesma forma. Quando estou trabalhando em um filme, estou atrás da cãmera criando toda uma nova realidade. Cantar num palco é totalmente diferente. Esses são os dois lados da minha personalidade, eu imagino. Um deles tem que ser grande, exagerado e barulhento, é quando você sente que precisa explodir aquela arena. O outro lado é aquele que me deixa oito meses trancado numa sala de edição junto com um assistente. Depois de fazer uma dessas coisas sempre sinto necessidade de fazer a outra. Depois de lançar um filme, eu preciso de todas as maneiras sair em turnê com a minha banda. E depois de ficar alguns meses na estrada, tudo o que eu mais quero é fazer um filme. Então, as duas coisas acabam se equilibrando.

R.C.: Mas o que o levou a começar já como diretor?
Rob
: Era algo que eu sempre quis fazer, desde que era garoto. Fazer filmes era algo meio que inatingível, nem sabia por onde começar. Quando fiquei um pouco mais velho, ganhei uma câmera Super8, mas fazer filmes no fundo de casa parecia algo um pouco distante de estar em Hollywood. Música e cinema sempre foram as duas maiores paixões da minha vida. Só que a música é algo muito mais fácil de fazer. Você pode a qualquer momento juntar uns amigos e começar uma banda. Pelo enos, era assim naquele tempo. Hoje você pode ter um programa de edição de vídeo no seu computador, uma câmera e colocar o que quiser no Youtube. Então não é algo tão inatingível como era a trinta anos. No fim, meu caminho de entrada para os filmes foi através de vídeos musicais. Comecei fazendo os da minha banda e para alguns amigos. fiz um para Ozzy Osbourne(N.T.: para Dreamer, do álbum Down to Earth), mais gente veio me procurar para fazer clipes e isso acabou sendo uma grande escola.

R.C.: Você falou sobre revezar entre fazer turnês e dirigir filmes. Quando encerra uma turnê de divulgação do álbum, você já sabe qual vai ser seu próxi
mo projeto? Ouvi dizer que você estava pensando em fazer uma nova versão para "The Blob"
Rob
: Não há nada definido. No momento, estou concentrado na turnê, mas há alguns filmes que já tenho em mente para meu próximo projeto. "The Blob" é um deles. Eu nunca sei qual vai ser o próximo. Na verdade, funciona assim: o primeiro filme que consegue um orçamento é o que vai ser feito. Essa é a realidade com a qual eu tenho que lidar e por isso mesmo ainda não sei qual vai ser o próximo.

R.C.: Seus filmes tem muito sangue e vísceras. Há algum filme que faça você se sentir nauseado?
Rob
: Só houve um filme em muito tempo que realmente me incomodou. Ele se chama "The Irreversible" (N.T.: filme francês com Mônica Belluci no papel principal; no Brasil esteve em cartaz com o nome "Irreversível"). Acontece que nele a violência e tudo mais acontecem de forma intensa e muito realista. Eu sabia que nada daquilo era verdadeiro, mas mesmo assim não consegui me sentir confortável assistindo-o.

R.C.: Todos os seus filmes foram classificados como "não recomendados para menores de 18 anos". Você teve algum problema com os sensores na hora de fazer o seriado "CSI: Miami"?
Rob
: Não. Provavelmente, não conseguiria aprovação para tudo o que pensei em fazer, mas não assinei o roteiro. E o roteiro delimita isso tudo. Mas mesmo assim aconteceram uns probleminhas. Por exemplo, tinha um cena em que eu ia dirigir Michael Madsen ("Kill Bill", "Cães de Aluguel" e "Sin City"). Ele perguntou se haveria algum problema se ele aparecesse fumando nela. Eu disse que não sabia e perguntei a um dos produtores. E ele me disse um enorme 'não'. A CBS tem uma política rigorosa. Por exemplo, se alguém tivesse que ser esfaqueado em cena, eu teria que perguntar a um dos produtores o quanto de sangue falso deveria usar. São pequenos detalhes com os quais não estamos acostumados a lidar no nosso dia a dia e que lá poderiam fazer toda a diferença.

R.C.: Em sua opinião, há algum filme que seja tão maravilhoso que ninguém deveria se atrever a fazer uma versão dele?
Rob
: Sendo totalmente franco, não acredito que haja um filme assim. É só ver os filmes que receberam 'remakes'. Se ninguém tivesse feito uma nova versão de "Nosferatu" hoje não teríamos "Dracula". Se a Hammer(produtora de filmes) não tivesse produzido versões de vários filmes, não teríamos atores como Christopher Lee e Peter Cushing trabalhando neles. Mas isso não tira o valor do filme original. Como "Laranja Mecânica"(1971), por exemplo. Esse é o meu filme favorito de todos os tempos. E eu deveria achar que, por isso mesmo, ninguém deveria se atrever a fazer uma nova versão dele. Mas o filme é bem diferente do livro( de 1962) e talvez fosse uma boa idéia alguém fazer uma versão mais fiel a ele. Mas o fato é o seguinte: não importa o quão genial seja a versão, você nunca vai conseguir substituir o original. É o original que traz a essência da história. Até já fui mais purista a esse respeito, mas hoje não dou mais tanta importância. Se a versão é boa, ótimo; se não for, vamos esquecê-la.

Nenhum comentário:

Postar um comentário