Dia 17 ocorreu o último dia do III Festival de Cinema da Fronteira. O grande vencedor do prêmio de Melhor Filme foi o curta-metragem de animação O Céu no Andar de Baixo, do diretor Leonardo Cata-Preta. O filme é um retrato esquizofrênico e sentimental sobre um ângulo diferente do amor, merecido prêmio. E é nesse contexto que percebo como o cinema de animação vem se fixando na produção nacional, que tinha um espaço limitado em mostra e festivais por uma divisão fixa entre ficção e animação. Curioso saber que além de O Céu no Andar de Baixo outra animação tenha ganhado, no mesmo ano, o prêmio de Melhor Curta em um dos mais prestigiados festivais nacionais, Gramado. Falo de Céu, Inferno e Outras Partes do Corpo, curta do diretor gaúcho Rodrigo John, que também esteve na mostra competitiva, além de premiado por sua trilha sonora, no III Festival de Cinema da Fronteira, em Bagé. (Lista dos curtas premiado aqui).
Durante o festival foram homenageados o crítico Jean-Claude Bernardet e a musa do cinema marginal Helena Ignez. Dentre os convidados, a atriz Ingra Liberato, que apresentou o festival ao lado de Leonardo Machado. Além de Aurora Miranda Leão, a curadora da mostra competitiva de curtas, e o crítico Cid Nader, que acompanhou e escreveu sobre todos os curtas-metragens do festival em seu site Cinequanon.
E são essas críticas que posto a baixo, sobre dois dos meus curtas na mostra competitiva: ABATE e YOU BITCH DIE!!!
ABATE, de Lucas Sá. Brasil (MA), 14 min.
Por: Cid Nader
Uma novidade vinda do Maranhão (talvez indicando mais um polo difusor lá no nosso Nordeste), esse Abate bebe nitidamente da fonte dos filmes pernambucanos para contar uma história de revolta feminina por opressão machista: algo tão comum ainda no mundo, mas que toca muito mais profundamente em uma região de tradição absolutamente masculina.
Só que beber da fonte, somente, poderia resultar em cópia de estilo, vazio no mote e no modo. Negativo. Lucas Sá demonstra ter noção bastante complexa e bem elaborada de estética e técnica. O filme é de fotografia não conformada, que busca o inusitado nos ângulos (enquanto o momento “comum” subserviente da mulher existe, filma-se seus pés a caminho do açougue, para a inversão do ângulo quando uma outra possibilidade de continuidade de vida é pensada, por exemplo), e também bastante atenta às possibilidades de contrastes emprestadas pelo bom uso da iluminação.
No corte, na edição (e novamente lembrando alguns outros filmes de Pernambuco), o contar a história ultrapassa a “simples” barreira da fluidez, para que interferências intrometidas até na marra se façam responsáveis pelo adensamento do clima. Desde o início, a montagem não permite a acomodação do espectador, e a tela se enche de variações cromáticas ou de ritmo. Portanto, as invenções e tentativas que resultaram um curta bem interessante não são resultado – o que seria até razoável de se imaginar - de acumulação crescente, mas de ritmo imposto desde os primeiros instantes: algo bem mais difícil de ser mantido e obtido. (Veja o curta aqui).
YOU BITCH DIE!!! , de Lucas Sá. Brasil (MA), 03 min.
Por: Cid Nader
Brincadeirinha de Lucas Sá – o diretor talvez seja uma novidade maranhense surgindo para ser a vanguarda de mais uma cinematografia regional surgindo, e revelando-se com evidente característica urbana, ao compilar informações que extrapolam as distâncias de seu Estado -, filmada mais para ser vista na Internet do que numa telona. O tratamento é em cima da linguagem, dos filmes trash dos anos 70, com os típicos exageros necessários para tal reverência (falta de cuidado, hiper-cores, hiper-cafonices, seres estranhos habitando a tela e sangue, de preferência), e feito de modo bastante ligeiro, para que não se necessitasse muito espaço e tempo demais demandado para a conclusão.
Para tal ligeireza vista na telona, a ideia de representar um trailler revelou-se boa sacada. Mas, muitos trabalhos similares já foram vistos (aliás, há até uma certa moda no estilo se repetindo), e muitos, também, com melhor desempenho numa sala escura de cinema: o que faz notar o quanto esse deve ter sido pensado mais como uma ação para divertir amigos, nas madrugadas diante da telinha do computador. (Veja o curta aqui).
Meu Luquinha Querido,
ResponderExcluirQ bacana este seu Blog ! E que falta fez vc lá em Bagé... queria tanto te reencontrar...
Obgda por dar destaque ao Festival, q fizemos com pouca grana e mto. Amor.
Espero tudo esteja bem por aí e, se tiver chance de ver o Rwanito, dá um grande abç nele por mim. Se quiser vir por aqui, dá um sinal. Depois me passa seu cel por e-m, tá ?!
Bjos mis de quem te adora e tem mta. saudade e vontade de conversar com vc ao vivo... FELIZ NATAL !!!
AURORAAA!
ResponderExcluirQueria ter ido para o Festival, as fotos estão ótimas!
A premiação do Festival foi muito boa! Uma pena "O Cão" não ter ganhado algo. Gosto muito do curta.
Depois mando o cel. por email.
Espero que esse ano agente se encontre! haha
Estou produzindo um novo curta! Espero que saia tudo certo!
Até!