Idéias que permeiam no espectador durante a exibição do filme, que são gerados por meio da atenção, tanto ficcional quanto pessoal, são fundamentais para o complemento racional da obra. A fonte principal desse fluxo de idéias constantes é a memória. O cinema é entre os meios, o que mais sabe utilizar esse subconsciente do antepassado como forma de enriquecimento e melhor aproveito da narrativa. A divisão em cena nos filmes é crucial para o melhor acabamento em relação a educação da memória perante a imagem em movimento. Uma cena isolada não se comporta em um sentido completo, é apenas uma imagem solitária. São as sucessões gradativas dessas cenas que irão afirmar a narrativa, ou seja, a segunda ou terceira cena de um filme sempre irá necessitar da primeira ou da cena anterior, pois a captação do sentido dessa cena necessita de um conhecimento anterior, vista no passado fílmico da obra que permanece na consciência, sendo assim, a memória é o principal motor para esse raciocínio temporal e lógico. O “cutback”, ou flashback, é outra maneira de atuação da memória fílmica. Relembrar cenas do passado do personagem é uma escolha de se desenvolver o roteiro, sendo esse passado revelador, necessário para o complemento do enredo, que inevitavelmente ativara a memória para linkar o passado com a ação presente. Como quando os sacerdotes da igreja lambem os dedos que folhearam as páginas envenenadas do livro Poética, de Aristóteles, e em seguida por meio da montagem, durante a projeção, essas mesmas cenas, dos sacerdotes lambendo o dedo para passar as folhas do livro, serão reinseridas para intensificar o movimento e a ação causal das mortes, no filme O Nome da Rosa.
A soma do plano detalhe (ênfase em algo) mais o comportamento da memória é também um importante meio de se desenvolver o roteiro. Quando um ator pega algum objeto e este objeto é filmado bem próximo da objetiva, o público, quase que automaticamente guarda essa cena na consciência, sendo que esse objeto provavelmente será importante para o fluxo narrativo do roteiro. Quando este objeto, durante a projeção, é usado, o público de imediato se recorda dele na cena em que foi utilizado o plano detalhe. Quando um aventureiro pega seu canivete (filmado em plano detalhe), e sai para escalar montanhas no deserto, mas seu braço durante a escalada acaba ficando preso a uma rocha. Então, o que ele poderá fazer? Pegar a faca que havia guardado de antemão em casa, o que irá servir para cortar seu próprio braço, no filme 127 horas, de Danny Boyle. Esse é um exemplo clássico do uso da memória no cinema, sendo que essa imagem anterior, um aventureiro pegando uma faca, irá por osmose adentra na consciência e permanecerá guardada lá, até o uso posterior do mesmo objeto.
A imaginação é outro aspecto que o cinema permite que o homem tire suas próprias conclusões visuais, sendo que essas conclusões serão convertidas da imagem para a razão. Algo como "deixado no ar", que se revela quase como um suspense visual. A transição de tempo em rápidos cortes é uma das técnicas que auxiliam o estopim dessa imaginação interior. Seguindo esta técnica, temos o filme 2001 – Uma odisséia no espaço, dirigido por Stanley Kubrick. Em 2001, há um prólogo de introdução sobre a origem dos homens, nós como macacos primitivos, seguindo a teoria evolucionista de Darwin. Em uma dessas cenas, um macaco (homem) começa a debater um pedaço de osso animal sobre outros ossos, esses começam a se espalhar, mas um, com a batida, é lançado para o alto que em seguida, por meio da montagem, ocorre um corte seco deste osso no ar para o sistema planetário com uma enorme nave voando pelo o universo, ou seja, Kubrick, através de um único corte de cena, avançou milhões de anos, uma cena belíssima. Caso o espectador não tivesse um conhecimento cientifico e histórico passado, essa cena não seria nada mais do que um corte sem sentido, atemporal. O mesmo ocorre com o "espaço off", onde ações ocorrem fora da captação da objetiva, tendo toda a dramaticidade subtendida, principalmente por meio do som. Como ocorre no filme Baixio das Bestas, de Cláudio Assis, na cena onde a personagem de Dira Paes é estuprada com um pedaço de madeira ponte-aguda. Mas o que ouvimos e vemos durante a cena é apenas seus gritos e sua silhueta em sombras, em uma tela de um cinema abandonado.
Maurice Merleau-Ponty se assemelhando as idéias de Munsterberg, afirma que o cinema precisa do espectador para ser percebido e sentido, pois este cinema necessita de um espectador capaz de entender suas mensagens subliminares e visuais. Para isso, o público deve ter um conhecimento pré-determinado, uma inteligência interior e anterior. Assim, o cinema vai além da técnica (montagem, filmagem, narrativa...), ou seja, vai também do espectador (imaginação, memória, percepção). Passando tanto por seu aspecto interior (filme + técnica) quanto pelo seu exterior (espectador). Logo, um cinema sem espectador, não seria nada mais do que imagens móveis, o que tornaria o cinema, apenas uma arte incompreensível.
A soma do plano detalhe (ênfase em algo) mais o comportamento da memória é também um importante meio de se desenvolver o roteiro. Quando um ator pega algum objeto e este objeto é filmado bem próximo da objetiva, o público, quase que automaticamente guarda essa cena na consciência, sendo que esse objeto provavelmente será importante para o fluxo narrativo do roteiro. Quando este objeto, durante a projeção, é usado, o público de imediato se recorda dele na cena em que foi utilizado o plano detalhe. Quando um aventureiro pega seu canivete (filmado em plano detalhe), e sai para escalar montanhas no deserto, mas seu braço durante a escalada acaba ficando preso a uma rocha. Então, o que ele poderá fazer? Pegar a faca que havia guardado de antemão em casa, o que irá servir para cortar seu próprio braço, no filme 127 horas, de Danny Boyle. Esse é um exemplo clássico do uso da memória no cinema, sendo que essa imagem anterior, um aventureiro pegando uma faca, irá por osmose adentra na consciência e permanecerá guardada lá, até o uso posterior do mesmo objeto.
A imaginação é outro aspecto que o cinema permite que o homem tire suas próprias conclusões visuais, sendo que essas conclusões serão convertidas da imagem para a razão. Algo como "deixado no ar", que se revela quase como um suspense visual. A transição de tempo em rápidos cortes é uma das técnicas que auxiliam o estopim dessa imaginação interior. Seguindo esta técnica, temos o filme 2001 – Uma odisséia no espaço, dirigido por Stanley Kubrick. Em 2001, há um prólogo de introdução sobre a origem dos homens, nós como macacos primitivos, seguindo a teoria evolucionista de Darwin. Em uma dessas cenas, um macaco (homem) começa a debater um pedaço de osso animal sobre outros ossos, esses começam a se espalhar, mas um, com a batida, é lançado para o alto que em seguida, por meio da montagem, ocorre um corte seco deste osso no ar para o sistema planetário com uma enorme nave voando pelo o universo, ou seja, Kubrick, através de um único corte de cena, avançou milhões de anos, uma cena belíssima. Caso o espectador não tivesse um conhecimento cientifico e histórico passado, essa cena não seria nada mais do que um corte sem sentido, atemporal. O mesmo ocorre com o "espaço off", onde ações ocorrem fora da captação da objetiva, tendo toda a dramaticidade subtendida, principalmente por meio do som. Como ocorre no filme Baixio das Bestas, de Cláudio Assis, na cena onde a personagem de Dira Paes é estuprada com um pedaço de madeira ponte-aguda. Mas o que ouvimos e vemos durante a cena é apenas seus gritos e sua silhueta em sombras, em uma tela de um cinema abandonado.
Maurice Merleau-Ponty se assemelhando as idéias de Munsterberg, afirma que o cinema precisa do espectador para ser percebido e sentido, pois este cinema necessita de um espectador capaz de entender suas mensagens subliminares e visuais. Para isso, o público deve ter um conhecimento pré-determinado, uma inteligência interior e anterior. Assim, o cinema vai além da técnica (montagem, filmagem, narrativa...), ou seja, vai também do espectador (imaginação, memória, percepção). Passando tanto por seu aspecto interior (filme + técnica) quanto pelo seu exterior (espectador). Logo, um cinema sem espectador, não seria nada mais do que imagens móveis, o que tornaria o cinema, apenas uma arte incompreensível.
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