Por: Lucas Sá
Vídeo de realização do exercício de regravação de uma cena de um longa já existente da matéria de Introdução a Linguagem. A cena escolhida (clique aqui para vê-la) foi a do filme Amores Imaginários do diretor canadense Xavier Dolan, este é seu segundo longa, sendo um dos concorrentes da mostra um Certo Olhar no Festival de Cannes. A cena em questão é a transição de vários planos até o encontro dos três personagens da narrativa, Marie (Angélica Yanez), Francis (Andruz Vianna) e Nicolas (Daniel Reigada). Marie e Francis estão se arrumando e se perfumando para se encontrarem com Nicolas, ao qual os dois estão apaixonados, mesmo sendo “aparentemente” amigos um do outro. Os planos usados por Xavir Dolan são postos na tela como uma forma de adoração da imagem, sua estética é extremamente detalhista se sobrepondo a narrativa em muitas das cenas de suas obras. São as cores, movimentos, cabelos e roupas que criam o universo do diretor, sempre preocupado na materialidade da imagem, na sua beleza visual.
Seus planos são enquadrados quase sempre em linha reta na visão do espectador, tornando as cenas de certo modo chapadas e secas na tela, típico do cinema independente atual, ou no uso de ângulos laterais que evidenciem o movimento corporal dos atores. No caso de Amores Imaginários a trama é sempre regada por grandes músicas dos anos 70 com o slow motion, como na cena escolhida, o que evidência ainda mais essa predileção para com a forma e o movimento do corpo como elemento revelador de sentimentos na narrativa. A cena de Maria fumando um cigarro na rua e a fumaça saindo de sua boca ou do beijo desprezivo de Marie em Francis são exemplos sublimes sobre a expressão e a dinâmica das coisas como forma de detalhes que se tornam elementares no andamento da trama. As roupas e cores são grande fonte de inspiração para o diretor, que sendo jovem, 21 anos, se apega a materialidade estética para impor suas emoções. Em várias cenas do longa a câmera é encaminhada para um detalhe do figurino do ator, além de suas cores representarem o caráter do personagem no momento, ou seja, construção de personagens a partir de matéria externa aos seus sentimentos. Em seu primeiro filme, Eu Matei Minha Mãe, é evidente essa questão formal da imagem, mas de forma mais sutil e invisível, a câmera se torna mais crua e realista, o que em Amores Imaginários é totalmente abolido, pois estamos imersos em mundo fantásticos de amantes francês apaixonados com suas roupas e cigarros com cores vibrantes. Nada mais prematuro e infantil para um jovem diretor.
Nossa recriação se baseou nesses objetos e figurinos representativos, que são o foco da cena escolhida. A exacerbação e o exagero da estética nos deram possibilidades de mobilizar e reverter várias cenas e planos. Tivemos a liberdade de incluir inúmeros detalhes que na cena original não eram evidenciados, posso afirmar até mesmo que nossa recriação seja um ‘’exagero do exagero” da estética já impregnada pelo diretor. Abaixo cenas que foram incluídas e suas motivação de inserção:
1- Close no olho de Marie: Nesse plano foi utilizado o elemento da filmadora ao qual o foco evidência objetos de pequenas dimensões, dando a eles mais detalhes e contraste. Esse plano foi elabora para propor uma maior rigidez da beleza na preparação de um encontro. Ela, para alguns, chega a ser irritante a agonizante pela proximidade do rímel no olho da atriz.
2- Perfil do rosto de Marie fumando: Essa cena no original é uma das mais belas da sequência, mas como a filmadora que utilizamos (Handycam Samsung) não é boa para pegar detalhes mínimos nos incluímos esse perfil da atriz com a fumaça saindo de sua boca para compensar essa falta técnica da filmadora.
3- Plano das pernas e saltos de Marie: Implementada para criar uma melhor valorização da roupa como linguagem cinematográfica. A rua e o salto. Essa cena foi colocada também por uma questão pessoal do diretor (Lucas Sá) da cena.
4- Close do rosto de Marie beijando Francis: Filmada para evidenciar a questão do desprezo mútuo de ambos os personagens.
5- Nicolas fazendo o sinal de três com os dedos: Plano que inicia o espectador para o desenrolar lúdico dos planos seguintes. O “três” evidência que o encontro não é só de duas pessoas apenas, mas sim de uma tríade que configura um triângulo amoroso. Transpondo assim, o sinal de “paz e amor” de Francis nos planos anterior em uma questão numeral.
6- A arma de dedos: Faz continuidade a brincadeira das mãos como expressão dos sentimentos, além de ser uma forma “imaginária” de vingança de Francis para com o seu amor imaginário. É interessante que até então a cena é realista na forma de expor as ações, mas a partir desse momento a narrativa se torna surrealista e fantasiosa, se assemelhando fisicamente a letra da trilha, a música Bang Bang da cantora Dalida.
7- Marie se assustando com o tiro: Plano que tem a intenção de colocar os sentimentos de Marie em primeiro plano. Ela cria também um breve sentimento de ansiedade e suspense no espectador.
8- Close da mão de Nicolas com sangue: Incluída para tornar verdadeira a possibilidade do tiro imaginário de Francis.
9- Nicolas com olhar assustado para Francis: Evidenciar a surpresa e os sentimentos de Nicolas no momento após o tiro.
10- Francis em Contra-plongée: A câmera é colocada de baixo para cima na intenção de criar um sentimento de grandiosidade na figura do personagem Francis. Uma forma de orgulho e louvação por seu ato macabro.
A sequência foi filmada com equipamentos do campus CA (Centro de Artes) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Sendo utilizado na gravação equipamentos como tripé e a filmadora Handycam da Samsung em mídia MiniDV. As locações foram em uma pensão de estudantes, nas ruas de Pelotas e na Doceria Márcia Aquino, tendo uma duração de quatro dias de filmagens em dias descontínuos. O figurino foi uma parceria entre o Brechó Veste Bem e com roupas dos próprios atores. A cena foi editada nos softwares After Effects e Sony Vegas 10 por Lucas M. Fernandes.
FICHA TÉCNICA
DIREÇÃO--------------------------------Lucas Sá
PRODUÇÃO--------Lucas Sá e Angélica Yanez
EDIÇÃO----------------------Lucas M. Fernandez
FIGURINO--------- Lucas Sá e AngélicA Yanez
DIREÇÃO--------------------------------Lucas Sá
PRODUÇÃO--------Lucas Sá e Angélica Yanez
EDIÇÃO----------------------Lucas M. Fernandez
FIGURINO--------- Lucas Sá e AngélicA Yanez
ATORES
MARIE-----------------------Angélica Yanez
FRANCIS---------------------Andruz Vianna
MARIE-----------------------Angélica Yanez
FRANCIS---------------------Andruz Vianna
NICOLAS---------------------Daniel Reigada
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