11 de fevereiro de 2011

Cinema - GUINEA PIG: Devil's Experiment

Por: Lucas Sá

Subintitulado sugestivamente de, Devil's Experiment, este filme consegue provar o quão o cinema tem o poder de provocar e realçar sentimentos de repulsa (e porque não de admiração?) em nossos preciosos OLHOS.

Guinea Pig é um filme japonês lançado em 1985. Na verdade não posso nem concordar ou afirmar que Guinea Pig é um filme propriamente dito. Sua curta duração, 43 minutos, o enquadra nos chamados média-metragens, e sua filmagem é em vídeo digital, o que não o ajuda neste sentido. Mas posso afirmar com absoluta certeza que estes 43 minutos foram um dos mais massivos e angustiantes que já vi em uma tela. O filme (ou não-filme) é um show de gore e bizarrices do início ao fim, tudo é mostrado e escancarado ao espectadores sem nnenhum mínimo de pudor ou carência. Está proposta é que faz Guinea Pig entrar em inúmeras listas de filmes mais insanos do cinema. Todo este auvoroso sobre o filme, o tornou quase que um mito entre os amantes deste tipo de gênero, no caso "eu". Muitos acreditaram por anos que as imagens vistas no vídeo são reais, sendo chamado até de Snuff Movie, que nada mais é que uma sessão de tortura e assassinato de verdade na frente das câmeras. Claro que o filme não é bem isso, mas chega bem próximo! Os Snuffs Movie fazem parte de um subgênero do horror que pouco se tem informações, não existe nada concreto sobre essa feição alegórica do macabro, mas se sabe que existem diferenças entre um Snuff e um assassinato filmado. Nesse tipo de filme os atores sabem que vão morrer e estes mesmos se protificam a se sacrificar pela, digamos, arte?! Um filme que explorou bem esse universo utópico sobre os Snuffs foi o ótimo, Tesis, do também talentoso, Alejandro Amenábar (Mar Adentro e Os Outros). Enfim, para a tristeza de uns e felicidade de outros, Guinea Pig não se trata de um Snuff Movie, mas então o que seria ele afinal, já que nem uma sinopse concreta o filme pode ter? Não sei me expresar muito bem sobre isso, talvez seja experimental... só sei que não é nada divertido (para alguns).

A Pseudo-sinopse, uma mulher é sequestrada e submetida a várias torturas fisícas, é prova de que Guine Pig não é só um filme violento, mas de certa forma revolucionário. A filmagem é executada da forma mais crua possível, se assemelhando ao filme do post anterior, Redacted, além dá ausância de um roteiro fixo. Pode se dizer que o filme foi feito por idéias predeterminadas, no caso, raciocínios mínimos de torturas elaboradas, tanto para a personagem que não se indentifica em momento algum, quanto para o espectador. Não é só está mulher que sofre, há momentos em que a câmera se posiciona na visão da personagem modelo, fazendo com nos coloque na posição dela, e que posição!!! Exemplo disso, é a cena em que a amarram em uma cadeira e começam a girá-la ininterruptamente. A ausência de falas foi outro recurso obviamente utilizado para aumenta a veracidade das cenas, sem isso, provavelmente esse fajuto realismo se tornaria frágil, já que os atores nem de longe parecem profissionais. Outro fator que intensifica este teor vanguardista, é a não implementação de nenhum tipo de crédito ou colaboração ao longo da projeção. Não tem diretor, produtor, ator, roteirista, figurino, trilha... não se tem nada! Guinea Pig é um filme de ninguém, para ninguém, ou apenas para um seleto grupo... Os de estômago forte!

Depois de alguns anos do lançamento desta bizarrice é que foram descobrir os responsáveis por tal proeza. Na verdade, Guinea Pig não passou de uma experiência de um grupo de estudantes de cinema para testar novas formas de se fazer maquiagens e efeitos especiais, testes que lhes renderam muito dinheiro e que no momento já tem 8 partes da série! Quase um Sexta Feira 13 da vida! A rumores de que esses estudantes, inclusive o diretor, Satoru Ogura, foram presos até provarem que não mataram e espancaram a moça. Satoru Ogura, pra se safar desta tranqueira, mostrou a polícia o making off das filmagens. Algo bem semelhante ao que aconteceu com o também bizarro, Cannibal Holocaust. Este making off acabou gerando um documentário chamado, Meikingu obu Za ginipiggu (Making off Guinea Pig), onde o diretor revelou tudo sobre os efeitos, atores e a idéia original. Outra história que contam por ai, foi que o ator Charlie Sheen, o Charlie de Two and a Half Men, viu o filme e ficou extremamente pertubado, fazendo com denunciasse imediatamente Guinea Pig para a autoritária empresa de controle de censura norte-americana, a MPAA ( entidade que é massacrada no documentário, Este Filme Ainda Não Foi Classificado ). Sendo assim, o filme passou mais uma vez por constrangimentos. Agora o caso mais sério do que os dois já citados, envolvendo até FBI, foi quando quando encontraram uma das oito partes da série na casa do serial killer japonês, Tsutomu Miyazaki, que estrupou, matou e comeu quatro crianças do sexo feminino.

Tapas, vermes, óleo quente, tripas, apertões na pele com alicates. Tudo isso faz parte do universo criado por estes estudantes de cinema há 26 anos atrás. Guinea Pig é uma aula sobre o cinema independente e sobretudo de efeitos especiais, que em meio a tanto sangue e gritos ainda tem espaço até para uma metáfora visual. Em sua cena final um olho é atravessado por uma agulha, que sintetiza nada mais que nossa própria visão sem estrupada por imagens de puro terror.

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